Alguns acontecimentos nos levam a um profundo momento de reflexão e posicionamento perante as atitudes de uma instituição ou de um determinado grupo de pessoas. Uns tomam como lei a “divindade”, outros seguem a ciência, a razão e/ou a lei “humana”, o que se discute são tais posicionamentos e o que isso retrata perante uma sociedade inteira.
Um aborto, um estupro e a vontade divina de Deus, é isso que faz com que reflitamos e entendamos as razões das decisões doutrinais e humanas. Apenas nove anos de idade e no ventre a responsabilidade de “gente grande” e se não bastasse temos ainda duas realidades se confrontando, de um lado a religião católica que em um âmbito coerente defende a vida e a lei de Deus e de outro a lei humana que permite o aborto já que se trata de um estupro e da sobrevivência da “mãe”.
Estes foram dois posicionamentos divergentes em relação a um estupro de uma garota, que corria risco de morte por tal gravidez. E se pensávamos que a discussão ocorreria por tal estupro nos enganamos, pois isso nem é tão relevante, pelo menos é o que nos demonstra a batalha formada em torno de um acontecimento esdrúxulo.
O que se discute é o fato de ter ocorrido neste meio tempo um aborto. Antes mesmo que ocorresse o arcebispo de Recife e Olinda se posicionou contra o aborto e defende: “A lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor”.
Já a parte contrária alega: “Se a gravidez continuasse, o dano seria pior. O risco existiria até de morte ou de uma sequela definitiva de não poder mais engravidar”.
Com estas duas posições podemos refletir um pouco. A atitude do arcebispo é defender com unhas e dentes sua doutrina, defender a vida, acreditar, ter fé, pois esta remove montanhas e estamos todos nas mãos de Deus.
A atitude da família parte do princípio de ter sido um estupro e do risco que a criança correria pela gravidez. Duas opiniões, duas atitudes e a banalização dos valores humanos, pois o que deveria de imediato ser discutido é o acontecimento, que choca, que machuca e que corrói a dignidade do homem, não que tal discussão não seja relevante, o fato é que o ser humano por si só tem no seu mais profundo “eu” o egocentrismo que faz com que olhemos para nosso próprio umbigo e esqueçamo-nos dos sentimentos e dos reais valores deixados por Deus e pouco usados pelos homens.
